Assim como ocorre com a hipertensão, os sintomas clássicos da doença surgem apenas quando os níveis de glicose no sangue (glicemia) estão bastante altos. Esses sintomas são:
urinar muitas vezes, muita sede, fome e emagrecimento.
A diabetes cada vez mais se torna um sério problema de saúde pública, uma vez que o número de pessoas com a doença cresce assustadoramente. Para que tenhas idéias, em 1985 estimava-se que existissem 30 milhões de adultos com diabetes no mundo; esse número cresceu para 135 milhões em 1995, atingindo 173 milhões em 2002, com projeção de chegar a 300 milhões no ano 2030. Esse aumento se deve ao envelhecimento populacional, ao crescente número de pessoas com obesidade e sedentarismo e também ao fato das pessoas com diabetes estarem vivendo mais tempo.
A diabetes é mais comum em idosos do que em adultos. Um estudo feito no Brasil, mostrou que na faixa etária entre 30-59 anos 2,7% das pessoas apresentam a doença, enquanto entre 60-69 anos esse número vai para 17,4%, ou seja, um aumento de 6,4 vezes no número de diabéticos e pré-diabéticos. Isso acontece porque a diabetes, no caso falando da diabetes tipo 2, é o resultado de anos e anos de exposição a altas taxas de açúcar no sangue (glicemia).
Assim como ocorre com a hipertensão, apesar de termos diversas armas e conhecermos bem a doença, estamos perdendo para a diabetes. Não temos dados brasileiros, mas segundo estudo realizado nos Estados Unidos, menos da metade dos pacientes diabéticos consegue manter sua glicemia (taxa de açúcar no sangue) dentro do valor recomendado (taxa de hemoglobina glicosilada abaixo de 7%).
O QUE, AFINAL, ACONTECE NA DIABETES?
Ao contrário do que muitos pensam, não são apenas os doces que comemos que se transforma em açúcar no sangue: carne, massa, frutas, gorduras, tudo se converte em açúcar na corrente sanguinea. Esse açúcar, também conhecido como glicose, é que nutre as células do nosso corpo. Para que a glicose saia do vaso sanguineo e chegue até a célula, ela precisa da ajuda de um hormônio chamado insulina.
A doença diabetes ocorre justamente quando os níveis de glicose no sangue (chamado glicemia) estão acima do normal (hiperglicemia). Basicamente, isso pode acontecer por dois motivos: a falta do hormônio insulina ou o “enfraquecimento” desse hormônio. No primeiro caso, quando há a falta da insulina, trata-se da chamada diabetes tipo1, que acomete principalmente jovens. No caso do “enfraquecimento” da insulina, o problema não é a falta do hormônio, mas é o fato dele não mais funcionar – é a chamada diabetes tipo 2, onde, inicialmente, ocorre uma resistência das células à insulina. Na verdade, nesse caso há inclusive um aumento nos níveis de insulina na corrente sanguinea para tentar compensar essa falta de competência, ou aceitação, do hormônio.
A diabetes tipo 2 é o tipo mais comum da doença, está associada ao envelhecimento, ao excesso de peso, ao sedentarismo e à má alimentação. Há também um componente genético na doença, ou seja, quem tem parentes diabéticos tem um risco aumentado de também vir a ser.
PRINCIPAIS TIPOS DE DIABETES:
Pré-diabetes: também chamada de tolerância à glicose diminuída, é caracterizada por níveis de glicemia em jejum entre 100 e 125 mg/gL.
Diabetes tipo 1: acontece mais em jovens, está relacionada a distúrbios que atacam o órgão chamado pâncreas, que produz a insulina.
Diabetes tipo 2: associada principalmente com o envelhecimento e obesidade. Nela, ocorre um “enfraquecimento da insulina” ou diminuição de sua produção. É o tipo mais freqüente em idosos.
Você está lembrado que no caso da hipertensão arterial, os vasos sanguíneos passavam a ficar endurecidos, mais grossos e a circulação nos pequenos vasos ficava prejudicada. Com a doença, a oferta de sangue com seus nutrientes e oxigênio para regiões importantes do corpo (cérebro, coração, rins, olhos) ficava prejudicada. Algo muito parecido acontece nos diabéticos. O açúcar em excesso ataca os minúsculos vasos sanguineos exatamente nos mesmos locais da hipertensão arterial. Uma analogia muito interessante usada pelo Dr. Renato Guimarães é com a caramelização. Assim como o açúcar fica endurecido na maçã do amor, o mesmo vai ocorrendo nos minúsculos vasos sanguineos, lesionando células e fazendo órgãos inteiros perder sua função. Essa caramelização acontece lenta e silenciosamente. Além disso, o excesso de insulina também é nocivo para diversas partes do nosso corpo.
Um conceito importantíssimo é o da pré-diabetes (tecnicamente chamada de tolerência à glicose diminuída, ou resistência insulínica). É o estágio entre o normal e a diabetes. Pessoas com pré-diabetes apresentam um risco muito grande de em poucos anos serem enquadrados como diabéticas. Mais do que um sinal amarelo, a pré-diabetes é um sinal vermelho para qualquer pessoa!
Principais conseqüências da diabetes:
•Doenças cardíacas (Infarto, insuficiência cardíaca);
•Cegueira;
•Insuficiência renal;
•Impotência sexual, por lesão neurológica, vascular e diminuição nos níveis de testosterona;
•Diminuição da cognição e risco de desenvolvimento de demências;
•Amputações;
•Maior risco de infecções;
•Neuropatia (alteração na sensibilidade);
•Constipação (prisão de ventre);
•Hipertensão.
COMO É O TRATAMENTO?
O tratamento da diabetes baseia-se na adoção de hábitos de vida saudáveis, como cuidado redobrado na alimentação e a prática regular de atividade física. Uma vez que essas medidas não sejam suficientes para controlar os níveis de açúcar no sangue, o médico indicará uma medicação que torne a insulina mais eficaz ou que aumente a produção do hormônio (como, por exemplo, a metformina). Em casos mais avançados, o médico pode ter que indicar a aplicação de insulina.
Um dos principais efeitos adversos do tratamento para diabetes é a hipoglicemia, que ocorre quando o nível de glicose no sangue fica muito baixo. Os sinais de hipoglicemia são tontura, fraqueza, sensação de desmaio e tremores. A pessoa também pode começar a caminhar como se estivesse bêbada. Esquecer-se de se alimentar regularmente e errar nas doses das medicações são as principais causas de hipoglicemia.
Responda essa, é fácil: para prevenir ou tratar a diabetes eu preciso apenas cortar os doces da minha alimentação?
Quem tem diabetes deve ter um acompanhamento médico constante e bastante atento. Em média, a cada 3 ou 6 meses devem ser realizadas consultas. Essa marcação mais em cima é importante para que o médico esteja continuamente reforçando a necessidade do controle da dieta e da prática de atividade física, além de controlar a pressão alta e os níveis de colesterol. O ajuste nas doses das medicações também se pode fazer necessário com mais freqüência.
Como vimos anteriormente, a diabetes ataca silenciosamente alguns órgãos e só conseguimos detectar lesões nesses locais se periodicamente fizermos alguns exames e testes.
VEJA ALGUNS EXAMES E TESTES QUE DEVEM SER FEITOS EM QUEM TEM DIABETES:
•Hemoglobina glicosilada: esse exame consegue dizer como está sendo o nível médio de glicose no sangue nos últimos 3 meses – o ideal é ficar próximo a 7%;
•Fundo de olho: deve ser feito no momento do diagnóstico da diabetes tipo 2 e refeito periodicamente;
•Microalbuminúria (dosagem de proteína na urina): serve para detectar se os rins estão eliminando proteínas em demasia pela urina, sinal de perda de sua função.
•Testes de sensibilidades e inspeção dos pés (em busca de feridas, frieiras e micoses nas unhas).