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O suicídio inconsciente e o Natal 

Parece que a vida nunca foi tão curta. Como ouvi mais de uma vez de pacientes, a cada ano que passa, os anos vão ficando menores. Provavelmente o excesso de informação, de fatos novos,

a mobilidade ou mesmo o constante estresse contribuam de forma determinante para isso. É como se estivéssemos numa espaçonave, vivendo na velocidade da luz. E não nos foi dada a opção janela ou corredor. O projeto não pensou em passageiros, apenas em protagonistas, comandantes da própria viagem. 

Aqui, poderia falar sobre um conceito fabuloso da Psicologia, chamado locus de controle – nada mais que uma forma de explicação, que localiza a pessoa em relação ao senso de responsabilidade sobre seu destino. Quem tem esse locus dentro de si, vive mais. Só que não se trata de um texto conceitual, quero é me aproximar de você. Ao chegarmos perto do Natal e do Ano Novo, quero também falar de responsabilidade, mas envolvendo a raiva, o ódio, a falta de gratidão e o bem mais desejado e lembrado nessas festas: a saúde. 

Para isso, trago pequeno trecho de uma passagem que li recentemente, num momento de fragilidade, do livro Nosso Lar. Transcrevê-la aqui fica difícil, mas a ideia principal é a do suicídio inconsciente – diagnóstico dado ao perplexo médico André Luiz. Um dos espíritos auxiliares o explicava sobre como havia atentado contra a própria vida continuamente, ao longo de anos:

“Nunca imaginou que a cólera fosse manancial de forças negativas para nós mesmos? A ausência de autodomínio, a inadvertência no trato com os semelhantes, aos quais muitas vezes ofendeu sem refletir, conduziam-no frequentemente à esfera dos seres doentes e inferiores. Tal circunstância agravou, de muito, o seu estado físico.”

Independente do seu credo saiba que em termos de saúde e de ciência é isso mesmo que acontece. Cada vez mais estudos comprovam e explicam a relação entre estados emocionais negativos com diversas doenças, que envolvem enfraquecimento do sistema imune (que nos defende) ou mesmo de inflamação, como no estresse.  Coloque aqui hipertensão, diabetes, cânceres e depressão. 

Sabemos que os pensamentos ruminantes sobre fatos desagradáveis nos fazem tremendamente mal. A raiva que aperta o estômago ou dispara o coração. A respiração curta e acelerada. A palavra dita de maneira rude, revelando uma defesa ameaçadora. E geralmente, logo com quem nos quer bem. Ou então, é aquilo que não dizemos, guardamos ali entre o abdômen e o tórax. São perigos na maioria das vezes imaginários, com repercussões reais só que ocultas em nossas glândulas, coração e cérebro. 

Hoje, não falarei de atividade física ou alimentação. Como médico, o que lhe peço é mais... perdão. Gratidão. Preserve e respeite sua própria vida, ela é um momento único. Ame-se de verdade. Como médico eu lhe peço que faça caridade nesse mês, o esforço para limpar do seu sangue ressentimentos ou pensamentos automáticos que lhe prejudicam. Distribua o presente da sua alegria... ligue, mande cartas, torpedos, abrace.  Um Feliz Natal e Próspero Ano Novo. 

Lembre: a viagem é curtíssima e saúde plena é, antes de tudo, uma conquista. 

Dr. Leandro Minozzo - CRM 32053
Mestre em Educação - Clínico Geral - Especialização em Geriatria pela PUCRS
Pós-graduado em Nutrologia pela ABRAN