Depressão na terceira idade pode ser prevenida, principalmente se se conhece seus principais sintomas e se busca ajuda profissional para realizar um diagnóstico mais preciso.
Não raro em palestras para este público, recebemos muito afeto ao final, porém o que me chamou a atenção foi o fato de me parabenizarem por ter feito uma palestra tão leve, sobre um tema tão pesado e cheio de estigmas.
Assim, pensei em partilhar com vocês alguns tópicos que abordei.
Falei um pouco sobre epidemiologia, ou seja, sobre os números que relacionam o aumento da depressão no envelhecimento, porém ressaltei estudos atuais destacando que é na velhice que muitas pessoas se sentem mais plenas, realizadas e felizes.
Eu questiono agora você, que está lendo este artigo, de qual das estatísticas você faz parte?
Primeiro, é importante diferenciarmos a depressão da tristeza.
• Tristeza é um sentimento, uma resposta normal e adaptativa do ser humano diante de situações adversas, e pode ser um momento de reflexão e de preparação para novas ações no futuro.
• Depressão vai além. É uma doença mental, invade o indivíduo afetando não só seu humor, mas também seu comportamento e pensamento.
Existem alguns fatores considerados de risco para o desenvolvimento de quadros depressivos na terceira idade e que devem ser observados, sendo eles:
Presença de doenças, características de personalidade, falta de vínculos e de suporte social, dores crônicas, déficits cognitivos, diminuição financeira, histórico psiquiátrico, uso de álcool, eventos estressantes da vida como uma viuvez recente ou outras perdas importantes, vazio existencial, atrelado à falta de SENTIDO.
A depressão se manifesta através do aparecimento de sintomas, que seguem abaixo:
- Alterações de apetite (perda ou ganho de peso)
- Perda de interesse por atividades que anteriormente lhe davam prazer
- Alterações de sono (insônia ou excesso de sono)
- Diminuição da auto-estima, descuidando da sua aparência
- Cansaço, fadiga e perda de energia
- Aparecimento de sentimentos de tristeza, angústia, ansiedade e mesmo de irritabilidade
- Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio
- Dores pelo corpo, queda da imunidade, ou outras somatizações, diminuindo a resistência física a doenças
- Perda recente do interesse por sexo
- Dificuldade de concentração, memória e raciocínio
- Diminuição da capacidade de sentir alegria.
É importante se ter muita cautela com este diagnóstico, pois ele é clínico e seu médico deverá descartar algumas doenças que podem simular um quadro depressivo, sendo que cada caso deve ser avaliado individualmente.
Ressalto que para o diagnóstico, a maioria dos sintomas listados devem se fazer presentes, na maior parte do dia, quase que diariamente e por pelo menos duas semanas.
O tratamento da depressão, comumente envolve a farmacoterapia e a psicoterapia, ou seja, remédio para os sintomas e diálogo para os problemas, com profissional psicólogo.
Uma depressão não tratada poder simular uma "Pseudodemência", ou seja a pessoa pode apresentar prejuízos significativos na sua cognição (memória, atenção, linguagem, funções executivas).
Segue abaixo algumas dicas que podem prevenir e afastar a depressão da sua vida. E, sim, é possível prevenir!
- Uma vida social ativa e relações saudáveis (família, grupos de terceira idade, amigos)
- Realizar atividade física de forma regular
- Não supervalorizar o negativo (doenças e limitações)
- Tratar-se bem, ser sua melhor companhia
- Ser curioso (mas não aquela curiosidade da vida alheia)
- Aprender a gerenciar suas emoções (muitas vezes estar em paz é melhor do que estar certo)
- Alimentação saudável
- Fazer visitas regulares a médicos
- Encontrar um sentido para acordar todos os dias pela manhã!
Estas são algumas informações que considero relevantes todos saberem sobre a depressão geriátrica.
Finalizo, ressaltando que a opinião que temos de como é envelhecer, interfere no nosso modo de viver.
Estudos evidenciam que pessoas otimistas com o processo de envelhecimento vivem, em média, sete anos a mais que as demais.
Embora não possamos mudar os reveses da vida, a gente pode escolher como enfrentar!
Lidiane Andreza Klein - Psicóloga - CRP07/22872