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Aparelho auditivo aumenta a autonomia do idoso

idoso tentando escutar sem aparelho auditivo

 

O Aparelho auditivo colabora com o aumento da autonomia do idoso, porém, precisa vir acompanhado de alguns cuidados, que visam favorecer a sua adaptação.

A família de quem não ouve bem é uma família normal, aquela que muitas vezes no corre-corre do dia-a-dia acaba não percebendo a realidade deste idoso.

A pessoa que até então é seu porto seguro, sua referência, avô, avó, mãe e pai, que até então eram independentes, resolviam seus problemas e os da família, agora estão diferentes.

Na visão da família, muitas vezes estas mudanças representam uma pessoa que está mais lenta, distraída, confusa, sensível, que fica magoada sem necessidade, às vezes até atrapalhado, chato ou ranzinza.

Na visão do idoso que chega ao consultório, o relato é outro, totalmente diferente.

São pessoas com grande bagagem de vida, experiências, maturidade, grande orgulho de filhos e netos, inúmeros casos para contar e uma vontade imensa de "fazer parte".

No consultório, a explicação de “fazer parte”, passa principalmente por suas famílias, participar, opinar, ouvir, ser ouvido, dialogar, expor suas opiniões, abraçar, beijar, sentir, falar o que está sentindo e o que está pensando, ter autonomia para ir ao banco, farmácia, loja, lotérica, missa, culto, mercado, açougue, médico, ser compreendido.

A realidade vista pela família, descrita inicialmente de um idoso chateado, entristecido, envergonhado e muitas vezes até isolado, é relatada pelo idoso como resultado do constrangimento de solicitar várias vezes que as pessoas com as quais está conversando repitam o que falaram pois não compreenderam. 

Na tentativa de resolver as questões e auxiliar o idoso, as famílias fazem uma peregrinação por vários consultórios médicos, laboratórios, exames diversos, troca de óculos, compra de aparelhos auditivos.

Mas acabam esquecendo o principal: o calor humano, o toque, o olhar para o rosto quando seu querido idoso está falando, a atenção, o tempo. 

Nós, como famílias, às vezes esquecemos de dedicar um tempo, para quem dedicou muito do seu tempo para nós. 

A família de quem usa aparelho auditivo não pode ver o aparelho como um milagre, ele é só um equipamento que vai facilitar a vida dos nossos queridos. 

Ele dá a eles a possibilidade de aumentar sua autonomia, permitindo que voltem a compreender o que as pessoas falam. 

Ao adquirir um aparelho auditivo, precisamos lembrar que promover autonomia do idoso é um dos objetivos. 

Então alguns cuidados neste sentido favorecem a adaptação, como por exemplo: 

- Adquirir os aparelhos em um centro auditivo, de fácil acesso, para que o idoso possa ir sozinho realizar as revisões, buscar auxílio e esclarecimento em pequenas dúvidas que possam surgir; 

- Procurar um centro auditivo onde o idoso possa adquirir pilhas, sílica gel, fazer a troca do tubinho, fazer moldes novos, solicitar pequenos reparos; 

- Observar se o estabelecimento em que os aparelhos foram comprados respeita as leis da vigilância sanitária, atendem às normas e exigências dos órgãos que regulamentam seu funcionamento, como realizar os exames em local com tratamento e isolamento acústico e em cabine audiométrica;

- Observar se o atendimento é realizado por fonoaudiólogo e se este atendimento é efetuado de vez em quando, não estando presente quando um problema surgir, necessitando assim de deslocamento; 

Também precisamos lembrar que como filhos e netos precisam contribuir para aprimorar a compreensão nas conversas familiares com atitudes facilitadoras, como por exemplo:

 - Chamar a atenção do usuário de prótese auditiva, para que olhe para o rosto de quem está falando; 

- Quando estiverem conversando entre três pessoas ou mais, desligar televisão ou o som; 

- Respeitar o tempo de quem não ouve bem, para que possa organizar com calma a sua resposta, pois a velocidade do processamento do som pode ser mais lenta; 

Assim, com calma e compreensão vamos ter muitos ganhos nas relações familiares, tendo várias gerações convivendo em harmonia, com muita sabedoria e fortalecendo os laços familiares com estas pessoas que têm tanto a ensinar e partilhar! 

 

Betina da Silva Pohren - Fonoaudióloga - CRFa 9452-RS