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OPINIÃO: O novo Mal do Século

Ansiedade, depressão, estresse, diabetes, obesidade, aids e câncer. O que estas doenças e distúrbios têm em comum?

Em algum momento da nossa história recente, eles receberam o título de Mal do Século, devido à sua incidência e aos danos sobre a vida de milhões de pessoas. Em 2013, foi guindada a esta posição nada honrosa a chamada Síndrome do Pensamento Acelerado, que nada mais é do que “sofrer por antecipação”. 

Com o considerável aumento da expectativa de vida dos brasileiros nos últimos anos, não é difícil prever que o futuro reserva a inclusão de uma nova enfermidade entre os males do século: a Doença de Alzheimer. 

Dados da Alzheimer’s Disease International (ADI), divulgados pela Associação Brasileira de Alzheimer, indicam que a demência já acomete 35,6 milhões de pessoas no mundo e que a sua incidência dobra a cada 20 anos: serão 66 milhões de doentes em 2030 e mais de 115 milhões em 2050. Há um novo caso da doença a cada quatro segundos, estima a ADI.

Fato agravante é que a enfermidade não tem cura, sua evolução é de difícil controle e não há uma forma de prevenção aceita como totalmente efetiva. Existem estudos sugerindo, no entanto, que a manifestação e a progressão do Alzheimer sejam freadas ao manter uma vida social e a mente ativa.

Ou seja, participar de atividades em grupo, sejam elas físicas ou de raciocínio, adotar a leitura como hábito e estimular a memória e o pensamento de maneira frequente são armas de potencial efeito positivo sobre a doença. 

É por esta razão que grupos de idosos e centros de integração e convivência para a terceira idade são tão importantes no enfrentamento do Alzheimer, embora costumeiramente negligenciados pelo poder público. Vale lembrar que os principais fatores de risco da doença são combatidos justamente nestes espaços: baixo nível de educação (19%), inatividade física (13%) e depressão (11%).

Quando este jornal questiona cada candidato a prefeito (e, depois, o prefeito eleito) quanto à criação de espaços de conveniência para idosos, não se trata de propor pão e circo para o povo, mas de cobrar dos governantes que tenham políticas públicas para enfrentar o inevitável envelhecimento da população.

Fica, então, uma sugestão aos nossos representantes: ainda que esta seja uma obra de pouca visibilidade política, voltada a muitos eleitores de voto facultativo e, portanto, indiferente para o seu sucesso no pleito de um outubro qualquer, criar centros de convivência para a terceira idade é um dever social e humanitário. 

Que nossos líderes possam inovar ao serem pró-ativos, não esperando o boom do Alzheimer ocorrer para, só então, alegando surpresa, decidirem reagir pelo bem da população.