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Opinião: Os mais pobres podem viver até dez anos a menos

Em tempos de uma reforma previdenciária polêmica, e desenhada sem discussão, é importante que os defensores

ou estudiosos do envelhecimento se posicionem.

Considero importante mudarmos alguns aspectos da previdência, mas não em fazê-lo sem uma ampla discussão. Também acho errado importar informações e dados epidemiológicos de países desenvolvidos; afinal, somos um país ainda em desenvolvimento, com graves e seculares diferenças sociais. Em alguns estados, por exemplo, a expectativa de vida não chega aos 68 anos.

Aprendi no estudo da Geriatria e Gerontologia que o envelhecimento é heterogêneo e complexo, logo, jamais devemos agrupar os idosos apenas por sua data de nascimento. Há idosos de 75 anos ainda em condições laborais e há aqueles com menos de 65 anos já adoecidos e sem quaisquer capacidades de contribuir com o mercado de trabalho e muito menos de se manterem sem a previdência.

As pesquisas em envelhecimento apontam para um grande número de idosos com dependência funcional em nosso país. São pessoas que não conseguem ir ao médico sozinhas, sair de casa, ir ao banco e, em casos mais delicados, nem mesmo cuidar de si em termos de alimentação e higiene.

Há, de maneira clara, com a reforma apresentada um grave risco de empobrecimento de idosos e aumento na vulnerabilidade social de quase toda uma faixa etária.

Deixo, com esse breve comentário, um dado interessante e recente: uma pesquisa americana mostrou que as pessoas mais pobres chegam a viver dez anos a menos do que as mais ricas.

Como ficarão os idosos com dependência funcional? Como ficarão os agricultores, com baixa escolaridade e maior adoecimento?

Será justo o que acontecerá com os idosos do Brasil? Será justo que os mais pobres sejam tratados da mesma forma que os mais ricos? Não poderíamos ampliar a discussão e a ela incorporar tanto conhecimento que se tem sobre o envelhecer?

 

Leandro Minozzo

Nutrólogo e Clínico Geral - CREMERS 32053